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A evolução dos sistemas de importação e exportação no comex brasileiro - Allink Neutral Provider
É fácil se acostumar com a tecnologia. Uma pessoa que, no passado, demorava 4 horas entre se deslocar de um lugar para outro e aguardava em uma sala para entregar um documento, agora pode facilmente ficar estressada se um sistema travar por 5 minutos.

É verdade que a nossa vida também mudou. Hoje em dia, tudo caminha mais rápido e exige maior agilidade. A tecnologia continua avançando, os sistemas se atualizam, se modificam e adquirem outros padrões e formatos. Em meio a tudo isso, precisamos entregar nosso trabalho com velocidade e qualidade.

Justamente porque nos adaptamos ao novo normal, acabamos não pensando na tecnologia. Podemos até imaginar o seu futuro, mas não refletimos sobre a sua história e, menos ainda, sobre o seu presente. Às vezes temos a impressão de que estamos no ápice do desenvolvimento quando, na verdade, estamos só engatinhando.

Escrevemos este artigo como um convite para você se juntar a nós e pensar sobre a evolução da tecnologia no comércio exterior. Pensar sobre como ela mudou o nosso modo de trabalhar e as perspectivas que traz para o futuro.

Para conversar com a gente sobre a evolução dos sistemas de importação e exportação no Brasil até a chegada do site Siscomex, com a autoridade de quem entende do assunto, convidamos Beatriz Grance, da Blue Route. Continue a leitura e confira!

Os sistemas de importação e exportação evoluíram mais do que parece


Como desejamos e precisamos de praticidade, fica difícil ter empatia diante da máquina! Se as coisas não funcionam bem, reclamamos. Esta é a ordem ’natural’ das coisas. Reflexão não resolverá nossos problemas com a tecnologia insatisfatória: isso é trabalho para os programadores!

Todavia, podemos reduzir um bocado de estresse ao entendermos que estamos no ponto alto de uma evolução que levou décadas para acontecer e continuará progredindo. Beatriz comenta sobre essa incompreensão:

“Teve todo um processo. Muita gente fala: ’ah, isso é uma porcaria’, mas poucos conhecem os bastidores dessa jornada que se deu durante mais de vinte anos para que pudéssemos chegar no ponto em que estamos. Hoje estamos chegando em um portal único de comércio exterior, contudo, partindo de um emaranhado de sistemas, não é mesmo?”

A partir da fala de Beatriz, podemos lembrar de quando tudo era feito no papel. Nessa época, haviam várias guias para preencher, declarações, carimbos, esperas, idas e vindas para realizar qualquer processo do comércio internacional.

Os primeiros sistemas de importação e exportação aproximavam-se do raciocínio desse processo, transmitindo uma lógica semelhante para a máquina. Isto nos leva a pensar que a mudança de mentalidade faz parte do desenvolvimento tecnológico.

O avanço tecnológico envolve um novo modo de pensar


O avanço da tecnologia está integrado a uma lógica de pensamento voltada para simplicidade, envolvendo novas metodologias e estratégias pensadas por pessoas para facilitar os processos. A tecnologia é intermediária disso.

Da mesma maneira, a inovação de sistemas, por exemplo, precisa lidar com várias questões: todos os dados que já existem, situações em andamento, capacitação das pessoas e implantação gradual das novidades.

Hoje em dia sabemos disso, graças a tantos primeiros passos que foram nos ensinando.

A evolução dos sistemas de importação e exportação e novas perspectivas para o site Siscomex


Vamos fazer uma breve retrospectiva dos primeiros passos dos sistemas do Comex até a atualidade?

1993 - Siscomex exportação Módulo Sisbacen


O Módulo Sisbacen introduziu a tecnologia aos processos do comex brasileiro, inicialmente para a atividade de exportação apenas. Ele foi utilizado entre 1993 e 2012. Não é preciso ser especialista para imaginar que, durante esses 19 anos de uso, esse sistema sofreu uma defasagem tecnológica com reflexos negativos para os usuários.





Entre a data de lançamento do módulo e o ano de 2011, as exportações cresceram 567,2% e os recursos do sistema para tratamento e armazenagem de dados já não eram eficientes. Então, além de problemas em seu funcionamento, esse sistema também começou a custar caro para o Governo Federal.

Quem usou o 1º Siscomex começou pelo mais difícil. A interface não era amigável, parecia-se um pouco com o Prompt do DOS e outros recursos que somente programadores utilizam hoje em dia. Pelo lado lúdico, lembrava os jogos do Atari, como o Pacman.

1996 - Siscomex Importação VB

Quem trabalhava com importação demorou mais 3 anos para ter o reforço da tecnologia. Somente em 1996, foi lançado o 1º Siscomex para importar e sua implantação se deu a partir de 1º de janeiro de 1997.

A espera, contudo, resultou em algumas melhorias em relação ao módulo de exportação, como o preenchimento offline, evitando que uma falha no sistema acarretasse a necessidade de fazer todo o trabalho novamente. Esse sistema utilizou a plataforma Visual Basic, recurso popular na época: por isso o nome tem “VB” no final.




2012 - Atualização dos sistemas de importação e exportação e funcionamento na WEB

Em 2012, os sistemas de importação e exportação continuavam a funcionar separadamente. Contudo, passaram a utilizar uma plataforma Web em vez de um sistema instalado no desktop, o que trouxe muitos benefícios.

Os novos sistemas vieram responder à defasagem tecnológica. Além da melhoria de canal, interface mais amigável e contar com uma rede de internet de maior qualidade, eles também ganharam em organização e funcionalidades quanto aos processos do comex.

Os sistemas passaram a oferecer alternativas de acompanhamento. No Siscomex Exportação WEB, por exemplo, o exportador conseguia visualizar melhor o processo a partir de um relatório resumido.




2014 - Site Siscomex - Portal Único de Comércio Exterior -

Esse é o mesmo sistema que você utiliza hoje em dia, embora com atualizações posteriores ao seu lançamento. Essa versão do site Siscomex integra os serviços em um único portal, reduzindo burocracias e, consequentemente, o tempo e o custo dos processos de exportação e importação.

Para elaboração do novo sistema, houve parceria com o setor privado, a fim de identificar gargalos nos processos do Comex brasileiro. Beatriz ilustra o que significou essa transformação, tomando como exemplo os trâmites de carga:

“Antes, era um emaranhado de informações redundantes, agora, é uma "passagem de bastão". O controle de carga e trânsito representa exatamente isso: Você não permeia mais vários sistemas, mas, sim, um sistema orquestra o fluxo de atividades, contemplando as informações necessárias, uma única vez. Vamos dar o exemplo da DUE/CCT, que é o que está no ar: o exportador registra a nota fiscal e a nota fiscal é insumo para dar entrada no terminal, como também para a confecção da DUE. No momento da entrada no terminal, o bastão está com quem? Pode estar diretamente com o operador portuário. Mas podemos deixar um pouco mais complexo: se a estufagem for feita no REDEX e depois passa o bastão para o operador portuário. Enquanto isso, a DUE acontece de forma paralela, e em minutos é apresentado o canal de parametrização, o operador portuário passa o bastão para o transportador internacional e, com a manifestação dos dados de embarque, temos finalmente a Carga Completamente Exportada (famoso CCE). Olha só que legal: tudo isso em um mesmo portal!”

2018. DUE e DUIMP - Perspectivas para o futuro


As sucessoras do atual site Siscomex já se encontram em treinamento desde 2018. A nova proposta é eliminar ainda mais burocracias, concentrando todos os processos em um único documento: a DUE - Declaração Única de Exportação ou a DUIMP - Declaração Única de Importação.

A implementação dos novos processos consolidará, efetivamente, a proposta do Portal Único Siscomex. Essas transformações trazem consigo a evolução não somente da tecnologia, mas de novos métodos de trabalho, como as metodologias ágeis.

Fora isso, elas projetam a adoção das APIs: sigla que tem como tradução para o português “Interface de Programação de Aplicativos”. Com esse padrão de programação, um software pode se integrar com outro, a exemplo do Google Maps, que foi utilizado para criação da Uber e pode ser integrado a outros sites. Em síntese, a partir das APIs, os aplicativos podem se comunicar.

Enquanto isso, no site do Serpro já é possível consultar DUEs, além de outras informações sobre processos do comércio exterior. Empresas privadas também estão avançando na oferta de novos serviços, sistemas e extrações que controlam e geram um relatório único, além de futura oferta de APIs de integração, como está nos planos da própria Blue Route.

A passagem veloz que fizemos pelos cybermares da evolução dos sistemas de importação e exportação nos revela um futuro onde muitas águas ainda vão rolar. A tecnologia traz facilidade, mas vale lembrar que para utilizá-la plenamente, é preciso conhecer essas águas.

Você já está se preparando para navegar no futuro do Comex digital? Para ficar ainda mais atualizado sobre as mudanças e avanços nos processos do comércio internacional, leia também o nosso artigo: O impacto da logística 4.0 na importação e exportação.
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