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Tecnologias moldam perfil profissional e mercado de trabalho no Porto de Santos - Allink Neutral Provider
Investimento em tecnologia e inovação trazem cada vez mais segurança, produtividade e agilidade nas operações no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. As novas ferramentas estão impactando também o mercado de trabalho. Se antigamente a experiência prática e o porte físico eram as exigências para se trabalhar no cais santista, hoje, as empresas buscam profissionais graduados, com conhecimento em tecnologia, idiomas e bom relacionamento.Ter o melhor porto brasileiro, com baixo custo e muita tecnologia. Esse é o desejo do presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Casemiro Tércio Carvalho, para o Porto de Santos. Para isso, segundo ele, é preciso também pensar no futuro da mão de obra, essencial para movimentar os grandes terminais."Você precisa utilizar a inteligência artificial. Trabalhar com algoritmos de atracação, usar o VTS, os sensores. Você precisa automatizar a leitura do que acontece no Porto", disse Casemiro, durante o evento Porto & Mar - Seminário A Tribuna para o Desenvolvimento do Porto de Santos, que ocorreu em junho deste ano.No cais santista, já começaram a ser utilizadas novas ferramentas. Os terminais possuem câmeras de alta resolução, sensores, inspeção a distância, leitura de lacres de forma digital, sistemas e aplicativos para diversos processos que aumentam a segurança e produtividade e que, por outro lado, propulsionam a busca por profissionais com mais conhecimento tecnológico."Aquilo que era feito através de papel está sendo feito totalmente digital. Os profissionais têm que estar preparados para trabalhar com sistema de automação. Nos últimos anos, começou a substituição dos profissionais que tinham 20 anos de empresa por profissionais mais jovens que têm experiência na área de logística e muito conhecimento em tecnologia", explica Vander Serra de Abreu, mestre em Ciências Tecnológicas pela USP e com experiência em sistemas de automação e controle logístico portuário.Carolina Pula, advogada e professora universitária especialista em Direito Marítimo e Portuário, diz que o processo de automação no setor portuário acabou, naturalmente, por substituir muitos profissionais pelas máquinas. As vagas continuam existindo, mas em menor oferta."A questão do trabalho braçal, trabalho mais físico, era muito demandada. Hoje em dia, principalmente nos portos estrangeiros, não se vê mais. Vemos a tecnologia fazendo o trabalho mais pesado. A questão da necessidade do trabalhador sempre vai continuar existindo. Mas, a tecnologia vai substituir boa parte dessa situação", diz Carolina.

Qualificação

Antes, o trabalhador portuário não tinha nenhuma escolaridade e ficava por muito tempo na função sem uma qualificação específica. Hoje, em um ambiente mais competitivo, a exigência é maior e só se mantém no mercado quem possui um curso técnico, uma graduação e até mesmo uma pós-graduação."As empresas estão até reestruturando seus quadros de funcionários. Muitos funcionários que não possuem uma qualificação específica estão sendo substituídos por outros qualificados, com bastante know-how teórico e, por muitas vezes, contratado até por um salário menor daquele que não tinha qualificação. O trabalhador, quando tem uma alta qualificação e uma larga experiência, ele é bastante valorizado. A gente diz que é uma pedra preciosa entre as empresas", comenta Carolina.Para quem deseja ingressar no mercado de trabalho portuário, de acordo com ela, o ideal é fazer cursos técnicos ou graduações específicas da área como em Comércio Exterior, Logística e Gestão Portuária. Além disso, há a necessidade de aprender a falar inglês. "Ele não é mais um diferencial, ele é fundamental. Sem a língua, praticamente, não há contratação", afirma.

Mercado

A mudança na escolha da mão de obra no Porto de Santos já é uma realidade nas empresas que atuam na região. Cláudio Luna Scalise, gerente de Recursos Humanos da Brasil Terminal Portuário (BTP), diz que a seleção dos profissionais mudou nos últimos anos.Se, antigamente, aqueles com maior experiência prática eram os escolhidos, hoje grande parte do processo é digital. Após o cadastro eletrônico, os melhores candidatos são classificados e passam por avaliação técnica e comportamental."Começamos a avaliar qual a facilidade de estar utilizando ferramentas tecnológicas. Anteriormente, por conta do próprio negócio portuário, era esperado só o conhecimento técnico. Além do técnico, também vamos pelo comportamental. Sabemos que através de um bom relacionamento de trabalho consegue-se melhores resultados", disse.A exigência na contratação reflete no quadro de funcionários. No setor administrativo, cerca de 57,59% dos funcionários possuem ensino superior completo, 25,32% possuem pós-graduação ou especialização e 10,76% possuem ensino médico completo. Dos trabalhadores do quadro operacional composto por operadores de equipamentos de bordo, de costado conferentes, entre outros, 78% têm ensino médio completo e 14,69% têm superior completo e 1,49% pós-graduação."Estamos em um processo de melhoria para que se coloque todos em um nível tanto técnico quanto teórico. Acabamos de lançar uma universidade corporativa com cursos online como presencial, tanto técnico como comportamental, justamente para a melhoria da capacitação de mão de obra no Porto", explica.

Profissões do futuro

Entre as profissões mais valorizadas e com propensão de crescimento nos próximos anos, no setor portuário, estão àquelas ligadas à tecnologia. Na área técnica, o profissional de tecnologia da informação especialista em inovação portuária será muito cobiçado. "Ele que vai trazer maior segurança para o setor portuário. Como tudo será automatizado, os terminais precisam ter uma equipe bem parruda", diz o professor.Já na área operacional, o diferencial são os profissionais que terão experiência em gestão de processos. "Antes, o processo era braçal, não tinha gestão de pessoas. A partir do momento em que tudo é automatizado, você precisa ter gestão grande em cima disso. Além disso, profissionais de manutenção de equipamentos, engenheiros elétricos e mecatrônica e mecânicos terão espaço", finaliza.

Fonte: A Tribuna
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